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Diários de mochileiroRede de viagens

19.08.2014

Sorte ou Azar em Amsterdam?

Tudo começou antes mesmo de eu chegar em Amsterdam. Ainda em Paris, mandei uns pedidos de couch surfing (aquele site que conecta viajantes e moradores, onde é possível arranjar uma hospedagem de graça na casa dos residentes) e entrei em contato com uma carona (também organizada através de um site). Eu viajaria na sexta, às 8h da manhã.


Eis que, às 23h da noite anterior à viagem, a carona me manda um sms informando que não iria mais pra Amsterdam, só até Bruxelas. Bom, naquela hora estava tarde e eu não poderia ligar para outra carona. Mandei algumas mensagens pra outros telefones do site, mas ninguém me respondeu. A melhor alternativa seria ir de ônibus, que sairia um pouco mais caro e bem mais demorado que a carona, mas tava valendo.

Nesse meio tempo, recebi uma resposta positiva de couch surfing, mas o cara só poderia me hospedar a partir de sábado, pois tinha outra pessoa em sua casa na sexta. Me indicou um hostel perto da casa dele. O hostel, além de ser um pouco mais caro, era afastado do centro, só que como era perto da casa do cara, pensei que seria mais fácil (e tava valendo, já que eu não pagaria as próximas duas noites).


Chegando no hostel em Amsterdam, encontrei um grupo de três pessoas que também tinham ido de ônibus de Paris. A única diferença é que eles gastaram só 5 libras com a passagem!!!! CINCO! Bom, não preciso nem dizer como me senti, já que eu tinha gastado 56 euros! Mas tudo bem… (#ficaadica quem quiser ir de Paris pra Amsterdam ou vice-versa, procure pela empresa MEGABUS).


De noite, fui conhecer o tal do cara que iria me hospedar no sábado. Sabe aquela intuição? Aquele ‘feeling’ que se sente quando se conhece uma pessoa? É… não senti uma coisa muito boa assim que conheci o cara… E dito e feito. Ele me deu uma carona (de bicicleta! haha) até o centro onde tinham uns bares.. Fomos conversando pelo caminho, mas eu tava achando ele meio estranho.. Ele me levou em dois lugares onde tinha musica alta para dançar (o que teoricamente não se faz se a ideia é conhecer e conversar com a pessoa, mas enfim…). Tomamos algumas cervejas. Nisso ele começou a encostar demais no meu braço enquanto conversávamos, e comecei a achar aquilo muito estranho (especialmente vindo de um europeu, já que no Brasil temos esse costume). Quando perguntei sobre a outra pessoa que estaria dormindo na casa dele aquela noite (o que eu já tava certa de que era mentira), ele disse que a pessoa acabou indo embora um dia antes do que ele imaginava, e que então eu poderia ir dormir com ele!!! Dá pra acreditar? Na hora me fiz um pouco de louca e disse q não iria, que já tinha pago o hostel e que ficaria lá. Não quis criar um atrito do tipo “como assim? ta pensando que eu sou o que?” porque eu tava ali sozinha, sem conhecer outras pessoas, sem ninguém saber que eu estava lá, sem conhecer a cidade, sem saber direito como voltar etc etc. Então achei melhor levar ele em banho-maria, até ele me largar no hostel. E foi o que aconteceu (graças!). Em determinado ponto do caminho ele perguntou “quer ir pra minha casa ou pro hostel?” “pro hostel, por favor”. Quando nos demos tchau, achei que ele falaria alguma coisa sobre o dia seguinte, mas ele não disse nada, nem eu. Óbvio que eu já tava certa q não iria pra casa dele. De qualquer forma, ele nunca mais ligou ou mandou mensagem.

 

Acordei no dia seguinte e fui procurar um hostel mais barato e mais central. Sábado de noite em Amsterdam, impossível, tudo lotado. No hostel que eu estava restavam 5 camas, resolvi pegar uma logo. O meu cartão não estava funcionando naquele hostel, então paguei novamente em dinheiro (o que, com os gastos que tive durante o dia de sábado, me deixou com 2 euros no bolso).
Bom, a coisa legal dessa manhã foi que conheci um brasileiro no saguão do hostel que tinha voltado do Caminho de Santiago de Compostela na semana passada. Super empolgado. Eu que estava em dúvida sobre fazer o caminho ou não, finalmente decidi. Então resolvi voltar para a Alemanha no domingo (eu tinha uma mochila grande na casa de um amigo) e me organizar melhor pra fazer o Caminho.

Acabei passando o sábado com esse brasileiro. Pude conhecer e aproveitar um pouco da cidade, feiras, parques. Quando entrei no museu da Anne Frank (impressionante, por sinal), ele voltou pro hostel. Combinamos de nos encontrar mais tarde, numa praça, pra irmos nos famosos ‘coffee shops’. Antes do encontro resolvi sacar dinheiro já que estava sem nada… e adivinha?? A máquina engoliu meu cartão!! E nada de devolver!!! Como já estava na hora de encontrar o cara, eu ia até a praça (ponto de encontro) e voltava para o banco, ia até a praça e voltava para o banco… numa das minhas idas ao banco, reclamei para uns caras que estavam na fila do caixa ao lado, que o cartão trancado ali dentro era meu. Finalmente, depois de uns 20 min encontrei o brasileiro na praça, voltamos ao banco e… a máquina estava liberada e meu cartão não estava mais lá!! Daí sim, começou a me bater um desespero “preciso de um telefone urgente para cancelar pro cartão”. Só que 10 segundos depois, os caras pra quem eu tinha reclamado, apareceram com meu cartão!!!! Disseram que foi liberado assim que eu saí, e que eles estavam me procurando pela praça fazia uns 10 minutos. Eles estavam indo colocar meu cartão na caixa de correio do banco quando me acharam. Inacreditável! Que bom que existem almas boas nesse mundo!!! E que sorte que o cartão foi liberado justamente quando os caras para quem eu reclamei estavam ali!

 

No dia seguinte, coincidentemente encontrei o brasileiro no café da manhã, o que foi bom, porque eu não tinha dinheiro nem pra uma passagem até o centro da cidade. Ele me deu uns 3 euros pra eu poder chegar lá. Fui em todos os bancos de Amsterdam para tentar sacar dinheiro. E nada. Fui na estação central e tentei todos os caixas eletrônicos. Nada. No centro de informações turísticas me mandaram para um banco alemão super longe dali. Última esperança. Nada. Sentei na calçada desanimada pensando no que fazer. Eu ia ligar pro banco, só precisava achar um telefone.

 

Eis que… tive uma ideia!!! Modéstia a parte, brilhante!! Eu devia ter essas ideias pra realmente ganhar algum dinheiro!! hehehe
Enfim, eu tinha visto que os lockers de bagagem na estação de trem só funcionavam com pagamento em cartão. Fui até lá e comecei a explicar minha situação pras pessoas. Então eu pagava o locker para elas com o meu cartão (pra isso ele estava funcionando), e elas me davam o valor em cash! Funcionou muito bem (só uma chinesa que fechou o locker errado… e acabei tendo que pagar outro pra ela, mas tudo bem… afinal, eu tava ali ‘ajudando’ eles a usar o sistema – que eu passei a dominar muito bem por sinal – e não queria me incomodar).


Nesse meio tempo, o meu amigo arrumou uma carona pra eu voltar para a Alemanha, mas não saia de Amsterdam. Peguei um trem e um ônibus pra chegar no ponto de encontro, mas consegui! Ufa! Na Alemanha pude descansar um pouco e me preparar para 35 dias de caminhada.

 

Raquel Rocha Santos

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