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20.10.2015

Parque do Zizo: Mata Atlântica preservada

Parque do Zizo
Entrada do Parque do Zizo | Foto por Suzana Ehlin Martins

 

 

Esse é um passeio riquíssimo para quem é apaixonado e gosta de estar em contato direto com a natureza. Passar algum tempo no meio da floresta é algo difícil hoje em dia, mas o Parque do Zizo, localizado em meio a uma das mais preservadas áreas de Mata Atlântica, proporciona essa experiência de uma forma diferente.

 

Rio Ouro Fino no Parque do Zizo
Rio Ouro Fino | Foto por Suzana Ehlin Martins

 

Entre São Miguel Arcanjo e Tapiraí, no estado de São Paulo, há uma área de 300 alqueires de floresta de mata primária, esse é o Parque do Zizo. Ali, em uma clareira em meio a uma floresta que praticamente nunca foi tocada, existem três quartos aconchegantes com banheiro e água quente e uma equipe que prepara as refeições no fogão a lenha e ajuda no que for necessário.

 

 

Acomodações rústicas no Parque do Zizo
Acomodações rústicas, em meio a natureza | Foto por Suzana Ehlin Martins.

 

 

Vale lembrar, no entanto, que para preservar a própria floresta, o Parque não possui energia elétrica. Embora estejam disponíveis luzes de LED e um inversor para carregar eletrônicos, a ausência de luz artificial e qualquer contato com a tecnologia é algo muito interessante, pois o hóspede acaba se adaptando e entrando no ritmo da mata: dorme cedo, pouco após o sol se por, e acorda com o canto das inúmeras espécies de passarinhos logo que amanhece. Assim que sai do quarto é possível vê-los todos no comedouro ali em frente.

 

 

PROCURAR NOME DO PÁSSARO | Foto por Suzana Ehlin Martins
A fauna é um dos destaques do parque | Foto por Suzana Ehlin Martins

 

 

Ao caminhar pelo Parque do Zizo é possível avistar inúmeras espécies de animais e plantas. Em minha visita tive a surpresa de me deparar, perto do quarto, com pegadas de onça e anta.

 

 

Pegada de onça no Parque do Zizo | Foto por Jamile Diniz
É possível até topar com uma onça… ou pelo menos com sua pegada | Foto por Jamile Diniz

 

 

Há muitas trilhas para se fazer e, em cada uma delas, o anfitrião Chico apresenta espécies, tanto da fauna quanto da flora, que você muito provavelmente não notaria se estivesse sozinho. Embora as trilhas exijam um certo esforço físico, tudo é compensado ao final com as diferentes paisagens que o Parque tem a oferecer.

 

A minha favorita é, de longe, a trilha do Ouro Fino. O caminho é íngreme, mas depois de algum tempo de caminhada encontra-se o rio Ouro Fino, que é límpido e cheio de pedras. Tamanha é a paz do lugar que se tem a impressão de um santuário ou algo do gênero. Após caminhar alguns metros a mais, encontra-se uma enorme cachoeira.

 

 

Cachoeira do Ouro Fino no Parque do Zizo | Foto por
Cachoeira do Ouro Fino | Foto por Suzana Ehlin Martins

 

Outra razão para visitar o Parque do Zizo é a sua história. Zizo era o apelido de Luiz Fogaça Balboni, que nasceu em Itapetininga e cresceu brincando na área onde hoje fica a reserva. Ao terminar o colégio, mudou-se para São Paulo para estudar engenharia de minas na USP. Era 1968, os anos de chumbo da ditadura militar, quando se decretavam atos institucionais que cerceavam as liberdades básicas dos cidadãos e se cometiam inúmeras atrocidades.

 

Zizo, contrário e a fim de resistir a isso tudo, engajou-se no movimento estudantil. No entanto, foi morto no ano seguinte pelas forças de repressão em uma emboscada. Tinha, então, 24 anos.

 

Em 1998, 29 anos depois, sua família recebeu uma indenização do Estado e a investiram na preservação da área onde hoje existe o Parque do Zizo, transformando-a em uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), o que significa que é uma área protegida, mas que não recebe ajuda alguma do governo além da isenção do pagamento do imposto territorial. Isso faz com que a família tenha que arcar com todos os custos de manutenção do local, além de ter de lidar com os palmiteiros, que tentam à todo custo invadir a área. Por essas razões, hospedar-se lá não é algo barato, mas a vontade de pechinchar nem ao menos existe após ver o trabalho feito lá. Uma família que tornou a perda de um filho em algo tão incrível é louvável.

 

O Parque do Zizo é uma ponte para uma natureza intocada e também uma forma de estar completamente presente. Apesar de suas instalações confortáveis, não deve-se esperar um hotel de luxo, até porque isso é avesso à proposta do local. A visita é inesquecível e a experiência, maravilhosa.

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