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06.10.2014

O que visitar em San Pedro de Atacama

Vista do vulcão a partir da Plaza de armas | Foto por Paula di Luciano
Vista do vulcão Lascar a partir da Plaza de armas | Foto por Paula di Luciano

 

Por Paula di Luciano

 

O que me levou até o deserto de Atacama não foi a minha própria escolha, devo reconhecer que lugares muito áridos não chamam muito a minha atenção. Talvez seja porque venho de um lugar seco e com pouca vegetação e, por isso, San Pedro de Atacama não estava na minha lista top ten de viagens a fazer. Convencida pelo marido, também amante de viagens (e esportes), não podia perder e não me arrependi. Afinal, viagem é viagem.

 

Chegar até aquele canto do Chile não é tarefa fácil. Saímos de São Paulo para fazer conexão em Santiago e pegar o voo com destino a Calama, a cidade mais próxima de San Pedro. Durante o voo, a imponente Cordilheira acompanha vigiante o trajeto, que aos poucos vai ficando árido e inóspito.

 

Uma vez em Calama, a sensação é de uma cidade um pouco triste, explorada pelos interesses das grandes mineradoras que arrasam com os povoados, levando tudo e deixando poluição e abandono em troca. Do aeroporto, precisamos pegar um táxi até o terminal de ônibus, onde finalmente pegamos o transporte que depois de 1h30 nos deixaria em San Pedro.

 

Iglesia de San Pedro de Atacama | Foto por Paula di Luciano
Iglesia de San Pedro de Atacama | Foto por Paula di Luciano

 

Durante nossa visita, a cidadezinha de San Pedro parecia revolucionada: uma invasão de brasileiros chegaria nesses dias para participar de uma maratona num dos desertos mais áridos do mundo. Embora naquela região a atividade econômica principal seja a mineração, em San Pedro é o turismo. Visitantes do mundo inteiro chegam até lá para ver o espetáculo que funciona todas as noites e que me fez mudar de ideia em relação ao local: o céu. É simplesmente imperdível.

 

Na rua principal, muitas agências oferecem diferentes passeios noturnos para estudar as estrelas. Escolhemos um nos arredores da cidade, onde um astrônomo francês, Alain, que mora no local há anos, tem uma espécie de miniobservatório astronômico no quintal. O passeio é realmente uma aula de astronomia.

 

Com humor e muito conhecimento, Alain vai aos poucos deixando os visitantes hipnotizados com suas histórias e descobertas, enquanto sinaliza com um laser cada ponto da galáxia. No fim do passeio, sua esposa serve aos visitantes um chocolate quente ou um chá para acalmar o frio. Em alta temporada, é preciso fazer a reserva com uns dias de antecedência.

 

Museo del Meteorito visto de fora | Foto por Paula di Luciano
Museo del Meteorito visto de fora | Foto por Paula di Luciano

 

O francês Alain não é o único que passou pelas distantes terras do deserto e quis ficar. Como ele, muitos outros se apaixonaram pelo místico local e se aventuraram abrindo uma pousada, um restaurante ou uma agência de turismo. O Museo del Meteorito é outro exemplo disso.

 

Um casal de La Serena, cidade do litoral que fica 1.200km a sul de San Pedro, abriu este valioso museu, que é nada mais e nada menos do que a coleção privada de mais de 3 mil peças de meteoritos de Rodrigo, o proprietário. Depois de anos de estudo e coleta no deserto, eles escolheram se estabelecer em San Pedro, e é ele mesmo quem guia os visitantes. Com muita paciência e paixão, tenta semear nos turistas a curiosidade pelo desconhecido da galáxia.

 

Flutuando nas lagunas altiplanas | Foto por Paula di Luciano
Flutuando nas Lagoas Altiplanas | Foto por Paula di Luciano

 

Sem dúvida, o céu é a resposta à questão “por que visitar San Pedro”, mas não é o único motivo. Dependendo do bolso e do tempo do visitante, existe uma variedade de passeios que só é possível realizar no Altiplano. Em meio dia e sem ir muito longe da cidade, dá para visitar as Lagoas Altiplanas e flutuar nelas, pelo alto conteúdo de sal; o Salar de Atacama, que faz você não conseguir imaginar a imensidão do Salar de Uyuni, na Bolívia; os Geyseres del Tatio, um show da natureza a mais de 4 mil metros de altitude, não apto para quem sofre na altura.

 

Passeio no salar altiplano | Foto por Paula di Luciano
Passeio no Salar de Atacama | Foto por Paula di Luciano

 

Também, no centrinho da cidade, o Museu Arqueológico Le Paige conta a história da humanidade, focando especialmente na América do Sul e nos primeiros habitantes do Altiplano. Para os mais aventureiros, a região tem alguns vulcões, e é possível fazer um trekking guiado no Volcán Lascar, onde o cume fica a 5.600 metros. Mas chegar até ele vai depender da natureza: depois de anos sem atividade, ele voltou a expelir enxofre, o que pode impossibilitar a chegada ao cume.

 

Entrada do Museo de Arqueologia | Foto por Paula di Luciano
Entrada do Museu Arqueológico Le Paige | Foto por Paula di Luciano

 

Cuidados e dicas

 

– Ir preparado com agasalhos de “alta montanha” – se vestir tipo “cebola” é a melhor opção. No verão e no inverno, a temperatura durante o dia pode alcançar 25ºC, mas à noite sempre esfria, chegando ao negativo no inverno.

 

– Para o passeio aos Geyseres del Tatio tem que levar o agasalho certo. O passeio começa às 5h e é em altitude. Ficam valendo as clássicas dicas para a altitude: beber muita água, se proteger do sol e comer menos, para evitar enjoos e dor de cabeça.

 

– O nariz, olhos e pele ficam secos demais, é importante levar creme hidratante e também colírio e protetor solar. E, claro, beber muita água.

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