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10.09.2014

Em direção ao fim do mundo

Por Bruna Cazzolato Ribeiro

 

Ushuaia vista do barco | Foto por Bruna Cazzaloto
Ushuaia vista do barco | Foto por Bruna Cazzolato

 

Localizada no ponto mais austral do globo terrestre, Ushuaia é a cidade mais próxima da Antártica e recebe o título de “cidade do fim do mundo”, apesar da contrariedade dos chilenos. Ushuaia faz parte da Patagônia, região mais meridional da América do Sul e que abrange lugares da Argentina e do Chile, com paisagens desejáveis pelos viajantes.

 

Para chegar a Ushuaia partindo do Brasil, pode-se utilizar avião, com parada em Buenos Aires, ou encarar uma viagem de carro. Essa última maneira é popular entre aventureiros que querem conhecer um pouco mais do país vizinho. Vale dirigir de qualquer lugar do Brasil até lá. As estradas argentinas estão em boas condições, ainda mais quando comparadas com as brasileiras.

 

De São Paulo a Ushuaia são mais de 7 mil quilômetros a serem desbravados. Se você estiver em Salvador, acrescente aproximados 1,9 mil quilômetros; do Rio de Janeiro são quase 7,6 mil quilômetros, mas se for de Curitiba, a quilometragem diminui para 6,4 mil. A capital brasileira mais próxima da Argentina é Porto Alegre e até Ushuaia são 5,7 mil quilômetros. Lembrando que todos os valores são aproximados e que variam de acordo com a localização dentro de cada lugar.

 

Uma vez chegando a Buenos Aires, é a Ruta Nacional 3 que leva direto até o fim do mundo. Basta segui-la e acompanhar a quilometragem. Só nessa rota serão 3,063 mil quilômetros para apreciar o país. Abaixo listo algumas dicas de lugares para uma paradinha no Uruguai e na Argentina:

 

Punta del Diablo e Cabo Polônio, Uruguai

 

Punta del Diablo, Uruguai, em um dia de sol | Foto por Bruna
Punta del Diablo, Uruguai, em um dia de sol | Foto por Bruna Cazzolato

 

Como um dos caminhos ao fim do mundo passa pelo Uruguai, aproveite para conhecer esse pequenino país desconhecido pela maioria dos brasileiros. A primeira praia fica ao norte; Punta del Diablo é um balneário bem familiar. Formado por uma pequena praia aconchegante, é possível encontrar comidas caseiras na região. A segunda opção, Cabo Polônio, é o destino procurado pelos mochileiros que não se importam em encarar o transporte de cavalo, veículos 4×4 ou até mesmo caminhar os seis quilômetros de dunas que separam a rodovia da praia. Não há energia elétrica e água corrente em boa parte do local. A beleza é garantida pelo conjunto da praia, do farol e das rochas.

 

Colônia Del Sacramento, Uruguai

 

Colônia del Sacramento, Uruguai | Foto por Bruna
Colônia del Sacramento, Uruguai | Foto por Bruna Cazzolato

 

Cidade quase obrigatória. Se decidir utilizar a balsa para atravessar o Rio da Prata, que separa o Uruguai da Argentina, é interessante conhecer a bucólica cidade histórica bem ao sul do Uruguai. Aproveite para provar o chivito, prato típico uruguaio que relembra nosso bife a cavalo.

 

Buenos Aires, Argentina

 

Casa Rosada, sede do governo argentino | Foto arquivo O Viajante
Casa Rosada, sede do governo argentino | Foto arquivo O Viajante

 

Quem já conheceu a cidade, sabe o quanto Buenos Aires pode ser especial: charmosa e com bairros deliciosos para passear. Se tiver uma oportunidade, conheça a famosa feirinha de San Telmo (ao longo da rua Defensa, sempre aos domingos), aproveite para jantar em Puerto Madero, caminhar pela Recoleta ou mesmo explorar Palermo. Opção é o que não falta.

 

Bahia Blanca, Argentina

Uma opção para descanso no caminho para Puerto Madryn. Cidade litorânea e com alternativas de restaurantes e de hospedagens. Há uma boa estrutura para abastecer o carro e continuar a viagem.

 

Puerto Madryn, Argentina

 

Puerto Madryn, na Argentina, em um pôr-do-sol às 21h | Foto por Bruna
Puerto Madryn, na Argentina, em um pôr do sol às 21h | Foto por Bruna Cazzolato

 

A cidade litorânea é emoldurada pelo azul do mar e tem diversas lojas e bons restaurantes. Desde Buenos Aires são aproximados 1,4 mil quilômetros, quase metade do caminho para o fim do mundo. O lugar é a base para visitação da Península Valdés, Patrimônio da Humanidade pela Unesco, que abriga animais marinhos como pinguins, leões marinhos e baleias. Dedique um dia de passeio pela península para poder aproveitar cada parada e avistagem de animais. É importante ressaltar que os animais migram e nem sempre é possível ver todos eles na época em que você estiver visitando. Vale parar no centro de informações logo após a portaria, que ajuda a montar um roteiro de acordo com a época do ano.

 

Comodoro Rivadavia ou Caleta Olivia, Argentina

Comodoro é cidade grande e Caleta é uma cidade menor, com menos opção de hospedagem. O trecho entre as duas é um dos mais bonitos da Ruta 3, pois de um lado o mar acompanha e do outro, a montanha. Essa é uma parada estratégica para descansar, já que a distância entre Puerto Madryn e Rio Gallegos, a próxima parada mais provável, é de aproximados 1,2 mil quilômetros.

 

Rio Gallegos, Argentina

 

Antes de pegar a balsa para atravessar o Estreito de Magalhães, no Chile | Foto por Bruna Cazzaloto
Antes de pegar a balsa para atravessar o Estreito de Magalhães, no Chile | Foto por Bruna Cazzolato

 

A cidade, bem ao sul da Argentina, pode ser a última parada antes de chegar a Ushuaia. De lá para o fim do mundo demora um dia. Aproveite para ter uma boa noite de sono e aproveitar as opções de restaurantes do local. Neste ponto, tome cuidado com os alimentos, pois a partir de lá você cruzará com duas fronteiras: Argentina para Chile e Chile para Argentina, e alguns alimentos como carne e derivados de leite não são aceitos. A dica aqui é acordar cedo para fazer o trajeto de Rio Gallegos para Ushuaia. Neste dia também há a estrada de rípio (pedrinhas que reduzem muito a velocidade do carro) e a balsa para cruzar o Estreito de Magalhães.

 

Ushuaia

 

Parque Nacional Tierra del Fuego | Foto por Bruna Cazzoli
Parque Nacional Tierra del Fuego | Foto por Bruna Cazzolato

 

Depois de passar pelo Uruguai e conhecer um pouco mais do interior da Argentina, chegar a Ushuaia é reconfortante como alcançar um objetivo. Aproveite para visitar o Parque Nacional Tierra Del Fuego, onde é possível fazer trilhas ou mesmo andar de trem em um trajeto que antigamente era percorrido pelos presos enviados para ficar na área, antes inalcançável. Outra opção é fazer passeios de barco no canal Beagle para ver a fauna e o farol do fim do mundo, ou mesmo contratar um tour para ver os lagos da região. No inverno é possível esquiar no Cerro Castor. Não esqueça de fotografar a placa do fim do mundo e carimbar o seu passaporte em qualquer um dos centros de informações turísticas.

 

Farol do Canal Beagle | Foto arquivo O Viajante
Vista do passeio de barco pelo Canal Beagle | Foto arquivo O Viajante

 

Lembre-se também que as temperaturas são baixas em Ushuaia e mesmo no verão é possível encontrar frio e neve. Devido à localização, o tempo é muito instável e o sol que aparece pode sumir em pouco tempo. Se prepare para temperaturas médias de 10ºC no verão e de 5ºC no inverno, mas isso não é regra: é possível encontrar temperaturas baixas, como 1ºC ou 2ºC no verão também.

 

A incrível fauna de Ushuaia | Foto arquivo O Viajante
A incrível fauna de Ushuaia | Foto arquivo O Viajante

 

Há muitas atividades e passeios na região, e seu período pode ser extenso na cidade. Isso depende muito do seu estilo, do seu bolso e da época do ano. Para curtir o local, dedique pelo menos de dois a cinco dias, assim você poderá aproveitar com calma os restaurantes, passeios e o clima do lugar; afinal não é todo dia que você dirige até o fim do mundo, não é mesmo?

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