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02.09.2014

Como ver a Aurora Boreal no Canadá

Por Lívia Auler

 

Provavelmente muitas pessoas possuem a curiosidade, ou até mesmo o sonho, de ver a Aurora Polar – essas inacreditáveis luzes que surgem no céu e dançam sobre nossas cabeças em uma noite fria. Pois, já de início, me atrevo a dizer: não deixe essa vontade de lado. É difícil, é longe, é complicado, é caro: pode-se dizer que sim. Mas quem já viu de perto pode garantir que todos os esforços valerão a pena, pois é uma experiência fantástica.

 

Cabana e a Aurora Boreal ao fundo | Foto por Livia Auler
Cabana e a Aurora Boreal ao fundo | Foto por Lívia Auler

 

Este fenômeno, que ocorre em função do contato dos ventos solares com o campo magnético da Terra, é conhecido como Aurora Boreal, quando ocorre no Hemisfério Norte, ou Aurora Austral quando ocorre no Hemisfério Sul. É possível apreciá-la durante a noite, normalmente entre setembro e abril. Apenas determinadas regiões possuem o privilégio de contar com este espetáculo da natureza: as localidades do extremo norte ou do extremo sul do planeta.

 

Neste post, vou explorar especialmente a vista da Aurora Boreal no Canadá, mais especificamente no estado de Yukon, pois foi onde eu tive a oportunidade de contemplá-la. Whitehorse é a capital do estado do Yukon e a maior cidade do norte do Canadá. Por estes motivos, é um dos principais destinos para os viajantes que buscam apreciar a Aurora Boreal no país.

 

Primeiro passo: como chegar?

 

Saindo do Brasil, as escalas são inevitáveis. O roteiro normalmente é: São Paulo – Toronto – Vancouver – Whitehorse. A Air Canada é uma boa opção e possui todas essas rotas, porém, o valor das passagens pode ser bastante alto. Para voos dentro do Canadá, que também vão até Whitehorse e podem ser uma opção mais barata, existem as empresas Westjet e Air North. Existe também a opção de pegar um ônibus para o trajeto Vancouver – Whitehorse, com a empresa Greyhound. Mas, particularmente, acredito não ser uma boa ideia. A passagem não é consideravelmente mais barata, a viagem dura aproximadamente 2 dias (podendo ser mais ou menos) e as condições de estradas podem ser complicadas – especialmente no inverno.

 

E a Aurora Boreal?

 

Para assistir ao espetáculo da Aurora Boreal, é preferível que se esteja em um lugar bastante afastado das luzes artificiais das cidades. Então, para quem não tem um carro e não conhece bem o local, a melhor forma é contratar uma agência. Existem diversas opções de pacotes: saídas noturnas, que podem ser de uma a cinco noites, sempre saindo de van do hotel e indo até um local afastado; aluguel de cabanas em lugar isolado; ou até se hospedar num Resort de onde é possível ver as luzes. Algumas agências são: Northern Tales, Up North Adventures e Artic Range Adventures.

 

É importante lembrar que: apesar de existir a época propícia para ver a Aurora, nem sempre é possível enxergar as luzes (em inglês, “Northern lights”), pois tudo vai depender das condições meteorológicas para tal. Se estiver nublado, por exemplo, não será possível visualizá-las. Portanto, é sempre bom ir torcendo e levando a sorte contigo!

 

Dica: É realmente frio. Congelante. Então, caso você não tenha roupas especiais para enfrentar o frio, é altamente recomendável o aluguel de uma calça e casaco adequados. A maioria das agências possuem este serviço.

 

E aí, como foi?

 

Eu tinha pouquíssimo tempo na cidade de Whitehorse: dois dias. Infelizmente, tive que agendar tudo de última hora em uma agência de Vancouver – a Discover Canada Tours e, ali, me informaram que eu só poderia fazer a excursão da Aurora Boreal por uma noite (o resto dos dias estavam completamente lotados – por isso, é sempre importante agendar esses passeios com antecedência). Lá fui eu: com pouquíssimas chances, mas cheia de esperanças. A empresa Northern Tales me pegou no hotel e fomos em um grupo de aproximadamente 12 pessoas. Ao chegar no local, uma pequena cabana aquecida nos aguardava com bebidas quentes e alguns snacks. No local, haviam outras cabanas – com outros grupos – e, na parte externa, uma fogueira para os mais dispostos e corajosos.

 

Fogueira para aquecer enquanto se aprecia a Aurora Boreal | Foto por Livia Auler
Fogueira para aquecer enquanto se aprecia a Aurora Boreal | Foto por Lívia Auler

 

Como o frio era muito intenso, o grupo ficava dentro da cabana esperando que algum guia viesse dar a linda notícia: “saiam, as luzes apareceram”. Enquanto isso não acontecia, eu bebia o vinho que levei na mochila e observava os comentários de quem já tinha enfrentado outras noites. Os depoimentos não eram muito animadores, pois algumas pessoas já haviam estado ali pelos últimos dias e… nada aconteceu.

 

Depois de aproximadamente uma hora no local, começaram as boas novas: a Aurora estava aparecendo, timidamente. Todos correram para fora com suas máquinas fotográficas e tripés. O que se enxerga estando lá, pessoalmente, não é como nas fotos (pois as fotografias são em longa exposição), mas é definitivamente uma sensação mágica. Eu estava sozinha, sem pessoas conhecidas para compartilhar as emoções, o que tornou o momento ainda mais íntimo e especial. Me senti privilegiada e realizada por estar lá e, ao mesmo tempo, me vi completamente pequena e insignificante diante daquele espetáculo da natureza.

 

As belas luzes verdes da Aurora Boreal | Foto por Livia Auler
As belas luzes verdes da Aurora Boreal | Foto por Lívia Auler

 

Com o passar das horas, a luz se intensificava ou ficava mais suave. Em alguns momentos, desaparecia. Quando a dança das luzes estava se tornando mais interessante, ou seja, mais forte, era hora de ir embora. Infelizmente, infelizmente mesmo, a agência não teve a sensibilidade de abrir uma exceção para ficarmos um pouco mais. Afinal de contas, quase todos nós tínhamos vindo de muito longe para assistir àquele espetáculo que estava no seu ápice justo naquele momento. Enfim, lamento bastante a atitude da empresa, mas posso dizer que isso não apagou a noite maravilhosa que tive a oportunidade de vivenciar. Fica o gosto de “quero mais” e a vontade de desbravar novos destinos que possam me oferecer este tipo de momento mágico.

 

O que mais fazer em Whitehorse?

 

Perto do centro de Whitehorse é possível fazer uma caminha ao longo do Rio Yukon | Foto por Livia Auler
Perto do centro de Whitehorse é possível fazer uma caminha ao longo do Rio Yukon | Foto por Lívia Auler

 

Whitehorse é uma cidade pequena e, apesar de não ter nada de muito especial, ela possui o seu charme de cidadezinha do interior. Vale a pena passear um pouco pelas ruas geladas e observar o clima e o movimento, além de prestar atenção nas pinturas de arte urbana – muito interessantes, por sinal.

 

Arte urbana no centro de Whitehorse | Foto por Livia Auler
Arte urbana no centro de Whitehorse | Foto por Lívia Auler

 

Diversas opções de passeios ao ar livre fazem com que a cidade seja um destino interessante para quem gosta de aventuras e atividades outdoors. No inverno, as agências oferecem excursões como: passeio de trenó puxado por cachorros (dog sledding), caminhada na neve (snowshoeing), pescaria em um lago congelado (ice fishing) e dirigir uma “moto de neve” (snowmobile driving). No verão, as principais atrações são canoagem, trekking, tours de bike e pesca esportiva.

 

Cães descansando antes do passeio e, ao fundo, cabana com o receptivo da Muktuk | Foto por Livia Auler
Cães descansando antes do passeio e, ao fundo, cabana com o receptivo da Muktuk | Foto por Lívia Auler

 

Para um passeio diurno, escolhi o passeio de trenó puxado por cachorros durante a tarde. Sempre achei que fosse incrível (principalmente por ter visto em fotos e achar visualmente interessante), mas, na hora, acabei ficando mais com pena dos cachorros do que curtindo. Além de ter que “dirigir” – pegar nas rédeas para controlar os animais – outra coisa que dificultava apreciar a paisagem era o frio intenso; pois, com a velocidade dos cães, o vento vinha com toda a força direto no rosto. Apesar de tudo isso, posso dizer que estar deslizando na neve, sendo puxada por cães correndo muito rápido e sentindo um ventinho fresco (bem fresco) na cara gera uma sensação bastante divertida.

 

passeio de trenó puxado por cachorros (dog sledding) | Foto por Livia Auler
Passeio de trenó puxado por cachorros (dog sledding) | Foto por Lívia Auler

 

passeio de trenó puxado por cachorros (dog sledding) | Foto por Livia Auler
Passeio de trenó puxado por cachorros (dog sledding) | Foto por Lívia Auler

 

Fiz este passeio na Muktuk Adventures, que é um sítio totalmente especializado em dog sledding. Após, fomos para uma cabana onde serviram bebidas quentes e um lanche. O interessante do lugar era a quantidade de material informativo sobre esta atividade, fazendo com que as pessoas entendam o valor histórico e cultural do que poderia ser considerado um meio de transporte naquele local.

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